quarta-feira, 27 de julho de 2011

Raíz e Seiva

Para um povo imigrante...

Por não haver caminhos, navegaram mares.
Por acreditar no vento da esperança,
içaram velas, abraçaram ondas e sonhos... e recomeçaram.
Na ânsia quase juvenil de viver, jogados à própria sorte,
enfrentaram quilômetros de mar, sacrifício e morte.
Sofreram!
Provavelmente com paciência e serenidade,
numa espécie de prova de fogo para corações fiéis e relutantes.
Mas o sofrimento teve suas compensações e ensinamentos:
Na vida, nada é inútil, nada é perdido...
Nem dores, nem perdas, nem desalentos, nem sofrimentos.
Chegaram!
Chegaram como sementes espalhadas por Deus
A fim de tornar férteis, promissores e belos os campos do mundo.
Morro redondo é um pedaço deste mundo,
construído por mãos calejadas, mas fortes;
corações carregando pesadas saudades,
órfãos de terras, histórias e famílias, que como o mar,
foram ficando para trás.
Pés descalços, rachados e cansados,
mas sem preguiça e sem medo de dar um novo passo à frente.
Trabalharam!
E encharcados pelo suor da luta diária fizeram do trabalho
um ato de fé, solidariedade, renúncia, persistência e honra.
Choraram... de alegria e tristeza.
Choraram vidas novas e sepultamentos, colheitas e casamentos,
dúvida e certeza de que não podiam desistir, nem se entregar,
porque, no fundo, sabiam que nada pode segurar os passos
dos que foram chamados para partir e caminhar.
Caminharam!
Caminharam conscientes de suas limitações e necessidades.
Enfrentaram todo infortúnio de carências e dores,
trouxeram costumes, eternizaram valores,
em sua simplicidade, foram professores.
Assim, quando a maioria das pessoas exalta o perfume e a beleza das flores,
Agradece a fertilidade da terra,celebra a grandeza das árvores, valoriza o sabor dos frutos,
é importante lembrar das raízes e da seiva, que nem sempre são lembradas,
porque trabalham em silêncio e não podemos enxergar,
mas podemos sentir seus efeitos transformadores e promotores de vida.
Ao homenagearmos nossos antepassados e nossos colonos,
Queremos lembrar da raiz e da seiva, que, por sua presença, vigor e força
fizeram um Morro se tornar terra, tronco, flor, fruto e alimento,
abrigo, recanto, serra, paz e sentimento.
Um Morro, redondo como o sol, aquecido por ele e abençoado por Deus.
Um Morro Poeta com inspiração colonial;
Um Morro Colono escrevendo poesia com a força do trabalho braçal,
Que, talvez, um dia, mereça ser celebrado como feriado municipal.

Lauro Rodrigues

2 comentários:

Sítio AMOREZA disse...

muito bunito....

sitio amoreza

O AMANHA TE PERTENCE disse...

Parabéns Lauro!
""A poesia é a música da alma, e, sobretudo, de almas grandes e sentimentais." (Voltaire).
Aquele abraço.
Carline

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